1 de agosto de 2011

É preciso ter paciência...!

Após uma pausa da cidade de Luanda por uns meros 3 dias, cheguei a um conclusão que vamos todos achar óbvia: a nossa terra é a nossa terra. Logo a seguir, outra conclusão: o ser humano nunca esta satisfeito!!! :-)

Desloquei- me para Lisboa devido a um projecto da empresa aonde trabalho. Foi um voo calmo no qual dormi boa parte dele. Acredito que já repeti inúmeras vezes que odeio viajar. Melhor dizendo, odeio o processo de fazer malas, fazer check-in, passar por seguranças, colocar e retirar o bilhete de passagem e passaporte da carteira, e para culminar, ficar de 0 a 7 horas fechada dentro de um objecto cilíndrico cerca de 37 mil pés acima do mar e com uma velocidade de 900 km por hora.

Sei que soa exagerado, mas confesso que o meu medo de alturas faz me ver as coisas de maneira diferente. Apesar de tudo, é um processo inevitável nos dias de hoje, processo do qual eu deveria estar mais do que agradecida, pois acredito que passar mais do que uma semana no mar para chegar ao meu destino seria sem sombra de duvidas 1000 vezes pior.

Cheguei a Lisboa um pouco contrariada, mas já conformada. Este blog e bem capaz de demonstrar o meu lado impaciente e mau, pelo que aconselho aos mais sensíveis ( especialmente se forem portugueses) a pararem agora. Lá fui apanhar as minhas malas e ao sair, sendo que não tinha nada a declarar, fui pelo caminho que eu chamo de " verde" . Fui interpelada por uma agente da emigração, que solicitou que eu entra- se para o compartimento das revistas. Lá fui eu, longe de achar que ia começar um verdadeira guerra com a dita agente.

Ela pediu que eu abrisse o meu troller. Eu, muito solicita, lá o fiz. Ela começa a verificar o que tinha dentro da minha mala e pára a sua busca ao deparar- se com a caixa de um relógio que eu trazia. Imediatamente pergunta me se o relógio era novo. Respondi- lhe que não. Suspirou e perguntou me se o relógio não era novo, qual era a razão dele estar na caixa. Apenas respondi que ando com a caixa dos meus relógios de modos a não perdê- los. A agente volta a suspirar, e com um ar extremamente impaciente diz : ah assim não da! Por uns meros segundos sei que a minha expressão facial foi de autêntica confusão, visto não estar a entender nada do que se estava a passar com a senhora. Optei por não dar uma má resposta, e calei- me. Logo a seguir, tira o relógio da caixa e decide inspecciona- ló, agora já sem esconder a sua impaciência.

Em seguida, ela pede me a factura do relógio. Comecei no mesmo instante a sentir a minha paciência a dissipar- se e a minha irritação a tomar conta. Afinal de contas, o que e que ela queria? Respondi lhe, já sem o mínimo de cortesia, que não tinha a factura de um relógio que comprara a um ano atrás. Claramente exasperada com a minha resposta, a agente decidiu atacar a minha máquina fotográfica digital. Deste momento para frente, nem perguntas mais fez, comecando logo a afirmar que visto que a máquina estar dentro de uma pasta, esta era nova com certeza, e que eu devia naquele momento mostrar lhe a factura da mesma. Limitei me apenas a voltar a repetir que não tinha a factura, pois começava a sentir a minha veia da má educação a latejar.

Acredito que a minha resposta, visto ser sempre a mesma sempre que ela afirmava, o que na minha cabeça apenas soavam a patetices, a estava a irritar completamente, pois aí ecomeçou a perguntar me se eu achava que ela era parva e que não sabia reconhecer algo novo. O meu primeiro ímpeto foi realmente responder com um sonoro sim a primeira pergunta dela, mas dediquei me apenas a responder lhe que ela provavelmente não via mesmo bem, visto que para mim ( e eu uso óculos) era mais do que óbvio que a maquina era usada. Entretanto, sempre a resmungar, pôs se a revistar a minha carteira e ao deparar- se com 2 telemóveis ( um com o sim card da Unitel e outro TMN) e um iPod, pergunta- me se eu tinha necessidade de andar com 3 telemóveis. Todo meu auto controle foi- se.

Comecei a alterar-me ao explicar lhe que a quantidade de telemóveis que uso não lhe diz respeito, que se ela já tivesse viajado, saberia que ao contrário o do que ela firmemente acredita, nao é necessário nem viável andar com as facturas de tudo usado que se encontra na mala, e que, muito sinceramente, nao pretendia vender nada que tinha na mala, mesmo porque acho um grande absurdo comprar algo no estrangeiro, usar em Angola, e ir vender a Portugal!! Valha me deus!! Gerou- se um bate boca, com ela a dizer que nós, angolanos, somos extremamente arrogantes e comigo a dizer que não sou culpada pela crise financeira que assolou Portugal, pois sentia que o que se passava com ela tinha algo haver com isso!!

Se calhar fui longe demais, mas confesso que fiquei frustrada com a implicância da agente. Corrijam- me se estou incorrecta, mas quantos de vocês já foram obrigados a pagar direitos alfandegários por quase todo material tecnológico, claramente usado, claramente teu?????

Ao ir para o Hotel, apanhei um taxi que escondeu o taxímetro e queria dar me um preço aleatório e logo a seguir apanhei outro ( pois desisti daquele) que nao conhecia absolutamente nada. Demorou quase 15 min só a procura da Av. 5 de Outubro.

Quando finalmente deitei me na cama do hotel, apenas pensei: ao menos em Luanda, as minhas expectativas estão abaixo do zero e saiu preparada psicologicamente para lidar com situações inusitadas. lol.

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