14 de novembro de 2010

o meu 11 de Novembro...









Finalmente os ditos 35 anos de independência.
A preparação para a celebração para muitos começou a uma semana atras, quando o despacho a informar haveríamos de trabalhar mais uma hora de modos a fazer ponte ( o feriado era numa quinta, mas sendo o povo festivo que somos... esticamos para sexta também...!). Para muitos, era a hora para fazer as reservas e viajar por angola afora, na esperança de conhecer melhor o pais que nos viu nascer...

A província escolhida por mim foi Benguela. O critério de escolha ate foi muito simples: apenas 55 minutos de viagem (recordem-se, tenho horror a viajar de avião), hotel de acordo aos meus padrões de qualidade (Terminus) e relaxe sem fim..!
Achei por bem levar comigo as minhas queridas amigas, sendo que apenas 1(uma) conhecia a província como eu… entao, de malas cheias (porque somos mulheres ahahahhah) la fomos nos a procura do tao merecido intervalo da cidade de Luanda.
A reacção das minhas companheiras de viagem ao aterrar ao aeroporto de Catumbela foram demasiado inesperadas tenho que confessar. Elas sentiram-se impressionadas (pela a positiva) com absolutamente tudo… desde o tamanho do aeroporto (e TAO PEQUENINO… WOWW!) ao facto de que as nossas malas mal aterramos estavam no tapete rolante a nossa espera (em Luanda nao e assim!!!)…
Ao sairmos do aeroporto para a cidade do Lobito, sentimos todas uma mistura de sentimentos, desde fascínio, alegria e um orgulho de algum modo, fazermos parte de tanta beleza…!
" Nao tem poeira" acredito ter sido a grande frase das meninas… mas realmente, o aprumo da cidade era de se fazer sentir…

La chegamos a restinga, excitadas demais para reparar nas pequenas casas de pau a pique, ou num ou outro aglomerado de lixo…

Mal fizemos o check in, fomos comer ao restaurante do hotel… como chegamos cedo, ainda ficamos sem quarto por uns momentos, porque o hotel estava cheio… ao tomar o pequeno almoço com uma vista de tirar o fôlego, toda e qualquer duvida de que haveríamos de ter um fim de semana em cheio dissipou-se… após a situação do quarto ter sido resolvida, optamos por dormir um pouco, mal chegamos ao hotel, porque nao ha excitação que resista a apenas 2 horas de sono…

Ao meio dia, despertamos com o sol a inundar o nosso quarto, convidando-nos a usufruir o dia la fora… A sensação de paz que para muitos parece alegoria, naquele momento era uma certeza. O esplendido mar azul, o som relaxante das ondas o incessante chilrear dos pássaros, a luminosidade do imenso sol e sem duvida a nossa verdadeira e pura alegria fizeram daquela primeira impressão uma memória a nao esquecer…

Em momentos como aqueles,apercebemos-nos que o stress da cidade grande destrói um pouco de nos todos os dias… Lembro me bem do Tome, o garcon to Restaurante Flamingo, que nao podia sorrir mais do que ele sorria, pois seria impossível. A sua simpatia e educação, desarmaram-me completamente. Tenho que confessar que a educação por parte do próximo e algo que sinto falta em Luanda. Também lembro me do Antonio, um outro garcon do restaurante Zulu na restinga, que mal conseguia olhar para os nossos olhos, algo que interpretei como timidez, mas sempre extremamente bem educado, mesmo quando a amiga wilkia assustou o rapaz com uns bafos!
Ao sair do hotel, fomos passear ao rio Catumbela ( eu estava convencidíssima que havia uma cascata por la, o que acabou por ser apenas a barragem de Catumbela), e um pouco por Benguela, e nada mudou o nosso sentimento de descoberta e alegria…
… e ao reflectir um pouco sobre os 35 anos de independência, cheguei a conclusão que ha muito por fazer… sinto que a minha geração foi extremamente injustificada, pois por uma razão que ainda desconheço, perdemos a coragem e idealismo que caracterizou o nosso povo a 35 anos atras. A capacidade de dizer nao as injustiças e lutar pelo que acreditamos. Pergunto me se hoje conseguiríamos ir a rua e reenvidicar os nossos direitos. Provavelmente nao. E nem me sinto no direito de julgar, porque também nao o faria. Este conformismo generalizado para mim acaba por ser o grande rombo na historia do nosso povo e da nossa nação. Nos somos um pais com tanto para oferecer ao seu povo, mas sinto que nem nos temos consciência de tal coisa. Mesmo assim, lembrei me de que sem esta agridoce independência, nao teria a oportunidade de usufruir de tamanha felicidade…

Nadamos, comemos, rimos, dormimos, e nos divertimos imenso… Vi crianças cheias de areia a tomar banho no rio, vi mamas a manejar jangadas, fui abençoada por avos que vendiam bananas , vi hectares de canas de acucar, vi cupacatas em fila na bomba de gasolina, vi meninos a dancar kuduro horas sem fim, mas mais importante do que isso, vi o meu povo no seu esplendor, sempre resiliente e esperancoso.
E para os meus cépticos, nao tem nada de utópico no que acabei de vos dizer…

Beijinho e boa noite!



(Perdoem os erros, o laptop nao tem acentuação! :D )